GLOSSÁRIO de
ARQUITETAS E ARQUITETOS PREMIADAS - PRITZKER
2021.2
Ilustração de João Victor Brentano e Jessica Duarte
Elane Ribeiro Peixoto
Leandro de Sousa Cruz
Ivie Martins de Oliveira
Ianna Nunes Carvalho
Aprender com o chão
DEFINIR A EPÍGRAFE
BARROS, Manoel de. I. PROTOCOLO VEGETAL. [1966]. In: BARROS, Manoel de. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010. p. 121-126.
Glossários são listas de palavras com explicações chamadas glosas. Pode-se dizer que já estavam presentes na Antiguidade, mas seu desenvolvimento e popularidade ocorrem na Idade Média. Como o latim era a língua culta, os glossários eram trilíngues, sendo, em geral, compostos com o latim, as línguas vernáculas e, às vezes, o grego. Eram usados mais pelos professores para auxiliar a interpretação de textos e estavam, em geral, a eles integrados, para explicar o sentido de palavras obscuras. Com o tempo, tornaram-se mais autônomos, sendo organizados em ordem alfabética ou com outra forma de sistematização, (FARIAS, 2007) inclusive, podiam constituir um conjunto de termos específicos a determinado campo de conhecimento. Petri e Medeiros (2013) esclarecem que:
Os dicionários, os vocabulários, bem como os glossários são lugares de memória na língua [...]. Memória que não se faz sem desvãos, interditos, apagamentos e deslocamentos; memória tensa, tecida na e sobre a língua nos procedimentos tornados prática no fazer dicionarístico [...].
[...] [U]m glossário, qualquer que seja, não tem o mesmo estatuto do dicionário: este se apresenta na sociedade como lugar de consulta da língua – monumento de um patrimônio − e, como tal, adentra espaços escolares e institucionais, espaços privados e públicos quaisquer. Já o glossário não se apresenta como tal; outro leitor aí se inscreve. Grosso modo, diremos que se destina a um público mais específico; mais restritos são os seus espaços de circulação. Se um dicionário produz o efeito de completude, diremos que no glossário o efeito é outro, o de parte especial e específica na língua, isto é, o glossário aponta para uma especificidade qualquer, seja de um texto literário, seja de uma região, por exemplo. (PETRI; MEDEIROS, 2013, p. 50; 51)
Para este semestre, propõe-se diferentes glossários para as turmas de Atualidades, a turma do noturno e a do diurno. O glossário 1 será destinado a apresentar os vencedores do Prêmio Pritzker de Arquitetura, desde de sua instituição em 1979. Ao todo são 45 arquitetos vencedores deste prêmio que visa atribuir reconhecimento a uma (um) arquiteta(o) viva(o). O trabalho em grupo de 3 estudantes deve escolher de três a quatro vencedoras (es) do Pritzker para apresentá-lo. A apresentação deve conter: a formação profissional; obras selecionadas pelo grupo como de interesse (com plantas, cortes, fotografias e comentários do grupo). O glossário 2 parte da leitura do livro "Spatial Agency: Other Ways of Doing Architecture" que apresenta diversas maneiras diferentes de ser arquiteta(o). Inspirados nele, os grupos devem buscar exemplos que o complementem e que sejam de preferência realizados no Brasil.
Na formulação dos glossários de Arquitetura e Urbanismo, as glosas podem ser acompanhadas por desenhos e imagens que iluminam o que as palavras dizem. A palavra iluminar conduz e rememora a prática das iluminuras e, até pouco tempo atrás, quem tinha a nobre habilidade de ilustrar era chamado iluminador. Pesquisadores de Cidade Possíveis têm trabalhado, nas disciplinas que ministram na graduação, com a formulação de verbetes para glossários. Além disso, alguns contribuem para publicações dessa natureza em parceria com colegas talentosos na arte de “iluminar” textos, caso de Américo Eliel Santana da Silva. (PEIXOTO; CRUZ, 2021)
O trio de estudantes deve construir seus trabalhos com pesquisa corretamente referenciadas com os nomes das autoras e autores consultados. Cada verbete do glossário pode conter até três itens remissivos – um remissivo é um termo estreitamente ligado àquele que é objeto de interesse. No caso dos laureadas(os) com o Pritzker, o nome da(o) arquiteta(o) deve ser correlacionado ao de outras(os) de sua geração. No caso dos glossários 2, os termos não podem se repetir. Não custa reforçar que uma pesquisa não é uma cópia e que textos copiados serão considerados plágios, portanto, não serão avaliados.
Divirtam-se!!!
referências
FARIAS, Emilia Maria Peixoto. Uma breve história do fazer lexicográfico. Revista Científica Trama, Marechal Cândido Rondon, v. 3, n. 5, p. 89-97, jan./jun. 2007. Disponível em: <https://e-revista.unioeste.br/index.php/trama/article/view/961>. Acesso em: 21 out. 2022
PEIXOTO, Elane; CRUZ, Leandro. Glossários de Arquitetura e Urbanismo. [S.l.]: Cidades Possíveis, 2021. Disponível em: <https://www.cidadespossiveis.org/producoes-2021-glossarios>. Acesso em: 21 jul. 2022.
PETRI, Verli; MEDEIROS, Vanise. Da língua partida: nomenclatura, coleção de vocábulos e glossários brasileiros. Letras: Revista do Programa de Pós-graduação em Letras, Santa Maria, v. 23, n. 46, p. 43-66, jan./jun. 2013. Disponível em: <https://doi.org/10.5902/2176148511725>. Acesso em: 21 out. 2022.
caixa em mdf
glossário 1 : Prêmio Pritzker : verbetes
glossário 2 : Outras Formas : verbetes
referências
agência
AWAN, Nishat; SCHNEIDER, Tatjana; TILL, Jeremy. Spatial agency: other ways of doing architecture. Londres; Nova Iorque: Routledge, 2011.
DOUCET; Isabelle; CUPERS, Kenny. Agency in architecture: rethinking criticality in theory and practice. Footprint, Delft, n. 4, p. 1-6, Spring 2009. Disponível em: https://doi.org/10.7480/footprint.3.1.694 | Acesso em: 22 jan. 2022.
GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. Tradução: Ana L. de Oliveira e Lícia C. Leão. São Paulo: Editora 34, 2000.
OLIVEIRA, Rosana Medeiros de. Tecnologia e subjetivaçãoo: a questão da agência. Psicologia & Sociedade, Recife, v. 17, n. 1, p. 17-28, jan./ abr. 2005. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-71822005000100008 | Acesso em: 22 jan. 2022.
antropoceno
ARTAXO, Paulo. Uma nova era geológica no nosso planeta: o Antropoceno?. Revista USP, São Paulo, n. 103, p. 13-24, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i103p13-24 | Acesso em: 22 jan. 2022.
CRUTZEN, Paul J; STOERMER, Eugene F. O antropoceno. PISEAGRAMA, Belo Horizonte, sem número, 6 nov. 2015. Disponível em: https://piseagrama.org/o-antropoceno/ | Acesso em: 22 jan. 2022.
LATOUR, Bruno. Onde aterrar?. Tradução: Marcela Vieira. PISEAGRAMA, Belo Horizonte, n. 14, página 100-109, 2020. Disponível em: https://piseagrama.org/onde-aterrar/ | Acesso em: 22 jan. 2022.
LATOUR, Bruno. Esperando Gaia. PISEAGRAMA, Belo Horizonte, seção Extra!, fev. 2021. Disponível em: https://piseagrama.org/esperando-gaia/ | Acesso em: 22 jan. 2022.
ativismos; insurgências
DOSSE, François. La saga des intellectuels français 1944-1989, II: l'avenir en miettes, 19868-1989. Paris: Gallimard, 2018.
ESTEVES, Bernardos. A nova cara do ativismo: Txai Suruí quer os povos indígenas no centro das decisões sobre a crise climática. Revista Piauí, São Paulo, n. 183, dez. 2021. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/nova-cara-do-ativismo/ | Acesso em: 22 jan. 2022.
FEDERICI, Silvia; VALIO, Luciana Benetti Marques. Na luta para mudar o mundo: mulheres, reprodução e resistência na América Latina. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 28, n. 2, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n270010 | Acesso em: 22 jan. 2022.
FRÚGOLI JÚNIOR. Heitor. Ativismos urbanos em São Paulo. Caderno CRH, Salvador, v. 31, n. 82, p. 75-86, jan./ abr. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.9771/ccrh.v31i82.24449 | Acesso em: 22 jan. 2022.
HARVEY, David et. al. Occupy: movimentos e protestos que tomaram as ruas. Tradução: João Alexandre Peschanski et. al. São Paulo: Boitempo, 2012.
HARVEY, David. Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana. Tradução: Jeferson Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
MARICATO, Erminia et. al. Cidades rebeldes: Passe Livre e outras manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo; Carta Maior, 2013. (Coleção Tinta Vermelha).
campos de refugiados
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer, 1: o poder soberano e a vida nua. Tradução: Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
BRAGA, Jorge Luiz Raposo. Os campos de refugiados: um exemplo de "espaços de exceção" na política contemporânea. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE RELACÕES HAESBERT, Rogério. Território e multiterritorialidade: um debate. GEOgraphia, Niterói, v. 9, n. 17, p. 19-46, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2007.v9i17.a13531 | Acesso em: 26 jan. 2022.
HAESBERT, Rogério. Contenção territorial: "campos" e novos muros. Boletín de Estudios Geográficos, Mendoza, n. 102, p. 25-45, 2014. Disponível em: https://videla-rivero.bdigital.uncu.edu.ar/objetos_digitales/6807/003-haesbaert-beg-102.pdf | Acesso em: 26 jan. 2022.
INTERNACIONAIS (ABRI), 3., 2011, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: ABRI, 2011. Disponível em: http://www.proceedings.scielo.br/pdf/enabri/n3v2/a36.pdf | Acesso em: 22 jan. 2022.
SILVA, Daniela. F. Das migrações forçadas à contenção territorial: as categorias do campo de refugiados de Dadaab no Quênia. 2016. 234 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2016. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17958 | Acesso em: 22 jan. 2022.
comum
DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. Comum: ensaio sobre a revolução no século XXI. Tradução: Marina Echalar. São Paulo: Boitempo, 2017.
FEDERICI, Silvia; VALIO, Luciana Benetti Marques. Na luta para mudar o mundo: mulheres, reprodução e resistência na América Latina. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 28, n. 2, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n270010 | Acesso em: 22 jan. 2022.
TONUCCI FILHO, João Bosco Moura. Comum urbano: a cidade além do público e do privado. 2017. Tese (Doutorado em Geografia) - Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2017. Disponível em: http://hdl.handle.net/1843/IGCC-B9BM6M | Acesso em: 22 jan. 2022.
etnocentrismo
LIRA, José Tavares Correia de. O urbanismo e o seu outro: raça, cultura e cidade no Brasil (1920-1945). RBEUR: Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, São Paulo, n. 1, p. 47-78, mai. 1999. Disponível em: https://doi.org/10.22296/2317-1529.1999n1p47 | Acesso em: 22 jan. 2022.
MENESES, Paulo. Etnocentrismo e relativismo cultural: algumas reflexões. Revista Symposium, São Paulo, ano 3, n. especial, p. 19-25, dez. 1999. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/3152/3152.PDF | Acesso em: 22 jan. 2022.
ROCHA, Everardo P. Guimarães. O que é etnocentrismo. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1988. (Coleção Primeiros Passos, 124).
expulsões
AGIER, Michel. Refugiados diante da nova ordem mundial. Tradução: Paulo Neves. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 197-215. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-20702006000200010 | Acesso em: 22 jan. 2022.
LUCENA, Célia Toledo. Migrações contemporâneas e impasses identitários: algumas teorias e conceitos. Cadernos CERU, São Paulo, v. 30, n. 1, p. 19-49, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2595-2536.v30i1p19-49 | Acesso em: 22 jan. 2022.
SASSEN, Saskia. Expulsões: brutalidade e complexidade na economia global. Tradução: Angélica Freitas. Rio de Janeiro: Paz &Terra, 2016.
extremismos; fundamentalismos
ALMEIDA, Ronaldo; TONIOL, Rodrigo. Conservadorismo, fascismos e fundamentalismos: análises conjunturais. Campinas: Editora da Unicamp, 2018.
Nogueira, Sidnei. Intolerância religiosa. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen Livros, 2020. (Série Feminismos Plurais). Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/1154/o/Intolerancia_Religiosa_Feminismos_Plurais_Sidnei_Nogueira.pdf?15992393927 | Acesso em: 22 jan. 2022.
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necropolítica
FERREIRA, Tatiana de Souza. Resenha do livro Necropolítica. GIRAMUNDO: Revista de Geografia do Colégio Pedro II, Rio de Janeiro, v. 5, n. 9, p. 117-120, jan./ jun. 2018. Disponível em: https://www.cp2.g12.br/ojs/index.php/GIRAMUNDO/article/view/2574 | Acesso em: 26 jan. 2022.
MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção e política da morte. Tradução: Renata Santini. São Paulo: N-1 edições, 2018.
ocupações
COSTA, André Dal’Bó da. Luta social e a produção neoliberal do espaço: as trajetórias das ocupações Vila Soma, Zumbi dos Palmares e Pinheirinho. 2019. 324 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.11606/T.102.2019.tde-03082020-151424 | Acesso em: 22 jan. 2022.
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NEUHOLD, Roberta dos Reis. Os movimentos de moradia e sem-teto e as ocupações de imóveis ociosos: a luta por políticas públicas habitacionais na área central da cidade de São Paulo. 2009. 164 f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: https://repositorio.usp.br/item/001836331 | Acesso em: 22 jan. 2022.
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CARVALHO, Edgar de Assis. Tecnociência e complexidade da vida. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 14, n. 3, p. 26-31, jul. 2000. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-88392000000300006 | Acesso em: 22 jan. 2022.
KOSLOWSKI, Adilson. É o conceito de tecnociência confuso?. Philósophos, Goiânia, v. 20, n.1, p. 11-36, jan./ jun. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.5216/phi.v20i1.36115 | Acesso em: 22 jan. 2022.
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xenofobia
ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. Xenofobia: medo e rejeição ao estrangeiro. São Paulo: Cortez, 2016.
BAUMAN, Zygmunt. Retrotopia. Tradução: Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.