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glossário

URBANISMO ECOLÓGICO

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  Propostas apresentadas como referência para o Urbanismo Ecológico: (1) Parque em Seul, de MvRdV; (2) Proposta para o Parque La Carlota, em Caracas, de OPUS, Arteaga e Jaramillo; e (3) Proposta para Unidade do IMPA, no Rio de Janeiro, de SBPR Arquitetos.  

Em outras palavras, precisamos encarar a fragilidade do planeta e de seus recursos como uma oportunidade para investigar novas possibilidades arquitetônicas, e não como uma forma de legitimação técnica para promover soluções convencionais. [...] Imaginar um urbanismo que foge ao status quo exige uma nova sensibilidade – capaz de incorporar e acomodar as condições conflitantes inerentes à ecologia e ao urbanismo. Esse é o território do urbanismo ecológico.

Mohsen Mostafavi, “Por que um Urbanismo Ecológico? Por que Agora?”, trad. Joana Canedo, In: Urbanismo Ecológico, 2013 [2010]. [ p. 17, grifo do autor ]

Júlia Frecchiane Alves Wanderlei

Talita Rocha Reis

[ jun. 2021 ]

remissivos

As mudanças urbanas e sociais durante o século XX, especialmente o processo de urbanização gerado no pós-Segunda Guerra, desencadeou a desertificação climática e o aquecimento gradual das cidades, agora com temperaturas cada vez mais altas e menor umidade do ar. Dessa forma, houve maior necessidade de sistemas de climatização e, com isso, maior consumo energético.

Com a constante alteração das cidades e do mundo, que mudanças podemos implementar para sanar e adaptar essa nova realidade?

A Arquitetura é uma dos aliados na intervenção frente à fragilidade do ecossistema e de seus recursos. Contribui, por exemplo, através de projetos e soluções sustentáveis e da implementação de selos de eficiência energética.

O Urbanismo Ecológico surge como uma forma de reconciliar a paisagem com a ocupação urbana, como uma mudança de paradigma, onde o desenho urbano é pautado pelas potencialidades e limitações dos recursos naturais. Ao final do século passado, precursores do Urbanismo Ecológico, do Crescimento Inteligente (Smart Growth) e do Urbanismo da Paisagem (Landscape Urbanism) iniciaram debates e reflexões sobre projetos urbanos de baixo impacto ambiental. Tais concepções possuem em comum o Urbanismo como elemento estruturador de sua ocupação e expansão a sua paisagem e não a sua arquitetura. Este conceito gerou movimentos em contraposição como o Novo Urbanismo que tem, no edifício, o elemento estruturador das cidades.

A discussão do impacto humano sobre a terra e a importância do desenho urbano para a preservação da natureza não são atuais. George Perkins Marsh levantou esta pauta em 1847, assim como o filósofo Henry David Thoreau. Socialistas utópicos, no século XIX, também questionavam as questões de áreas verdes e espaço urbano traçado conforme uma análise das funções humanas. Entretanto, apenas a partir dos anos de 1990 a importância climática e alterações no microclima obtiveram a devida atenção, originando a criação do Certificado LEED, que tem o intuito de promover e fomentar práticas de construções sustentáveis, assim como outros certificados.

Entende-se que para haver um urbanismo ecológico é necessário o aperfeiçoamento da condição urbana existente, fazendo-se o uso de múltiplas ferramentas, técnicas e métodos em abordagem multidisciplinar em relação ao urbanismo pelo olhar da ecologia, para que assim haja planos de cidade do futuro.

A obra de Felix Guattari é apontada por Mostafavi (2013) como referência para esta abordagem do Urbanismo. O filósofo francês é um dos fundadores da “ecosofia”, desenvolvida na forma de três "registros" ecológicos: meio ambiente, relações sociais e subjetividade humana. A ecosofia trata da reformulação do sujeito e como este lida com o ambiente em que vive, relacionando os métodos de pensamentos que aplicamos às disciplinas que proporcionam a referência a esses ambientes.

Para que o urbanismo ecológico seja possível, as soluções criadas a partir de cada cidade e situação devem ser reversíveis, transitórias e em permanente evolução. As inovações e mudanças que ocorrem com o tempo devem seguir esse mesmo pensamento, sem deixar de apostar em tecnologias e infraestrutura novas. Uma relação mais próxima entre o público e privado seria necessária para que este planejamento urbano se dê no longo prazo, colocando em prática as multidisciplinaridades e a efemeridade na execução do projeto. Em síntese, o Urbanismo Ecológico se apresenta como uma proposta flexível, adaptada às circunstâncias e às condições climáticas de cada lugar.

referências

DURÁN CALISTO, Ana María. Acupuntura ecológica: genealogía de un híbrido. Cuestiones Urbanas, Quito, v. 3, n. 1, p. 11-43, 2015. Disponível em: https://www.institutodelaciudad.com.ec/index.php/publicaciones/revistas/84-revista-questiones-urbano-regionales-volumen-iii-numero-3.html | Acesso em: 21 mai. 2021.

FISHER, Peter; TRAINHAM, D. Naturising Outside-in. CityGreen, Cingapura, n. 6. p. 135-145, jan. 2013. Disponível em: https://www.nparks.gov.sg/-/media/cuge/ebook/citygreen/cg6/cg6_14.pdf | Acesso em: 21 mai. 2021.

MOSTAFAVI, Mohsen. Por que um urbanismo ecológico? Por que agora?. In: MOSTAFAVI, Mohsen; DOHERTY, Gareth (org.). Urbanismo Ecológico. Tradução: Joana Canedo. Barcelona: Gustavo Gili, 2013. p. 12-51.

MOSTAFAVI, Mohsen; DOHERTY, Gareth; CORREIA, Marina; DURÁN CALISTO, Ana María; VALENZUELA, Luis (ed.). Urbanismo Ecológico en América Latina = Urbanismo Ecológico na América Latina. Tradução: Camilla Bogéa e Moisés Puente, Joana Canedo e Paulo Silveira. São Paulo: Gustavo Gili, 2019.

AKINAGA, Patrícia Harumi. Urbanismo Ecológico, do princípio à ação: o caso de Itaquera, São Paulo, SP. 2014. 206 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – PPG-FAU da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16135/tde-29072014-152959/pt-br.php | Acesso em: 21 mai. 2021.

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